quinta-feira, dezembro 29, 2005

Mais Pessoa !

Durmo. Regresso ou espero ?
Nao sei. Um outro Flui
Entre o que sou e o que fui

29.12.05
Fernando Pessoa in Obras Inéditas

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Natal ?

As casas enchem-se de enfeites
As ruas fizeram da noite dia !
Adultos e crianças brincam
Ao faz de conta da Alegria !

A azáfama nas lojas é grande
Pois a quadra é de festa
Infelizmente é só para alguns
Para outros a fome da vida continua

Mas, por esses, tentamos passar ao lado
Fingindo ignorar a mão estendida
A lágrima de desalento nos olhos tristes
Nas faces enrugadas pelos trilhos da vida

O grito calado do desespero
A solidão no meio de tanta gente
O corpo carente de calor humano
A Alma vestida de vergonha

Se cada um de nós conseguir “entregar” um sorriso
A um ser que chamamos de “pobre”
Certamente este Natal será mais rico e mais quente
Em prendas feitas de carinho e boa vontade
Que farão dissipar um pouco o nevoeiro
Que teima em fazer das suas Almas um novelo

Para todas essas pessoas que, nós, egoisticamente
Deitámos fora das nossas vidas
Dos nossos caminhos
Das nossas preocupações
E das nossas orações

Uma boa consoada !
Porque o Natal é “quando o Homem quer” !

Sy.
23.12.05 - n.e.

Remenbering .... Veneza


Veneza

Surgiu na proa
Por entre brumas de Lenda
S. Marcos parecia quase só um fio
E seus canais feitos de renda

A luz muito difusa
Deixava adivinhar palavras de Amor
Palavras ditas com paixão
Choradas com desilusão

Adivinhavam-se os rostos
Os pensamentos
As quimeras
Os desejos

Com o dissipar do nevoeiro
Os traços deixaram de ser a tinta da china
Para se cobrirem das cores do Arco íris

Os canais encheram-se de água
As montras iluminaram-se
Os pensamentos desabrocharam
O Rialto fez-se ponte

Ouviram-se as preces em S. Marcos
Os voos das pombas desenharam-se no Céu
Os acordes do piano do Florian
Embalaram as gôndolas pintadas de humidade

Que nunca Deus permita que ela se afunde no lodo dos esgotos da vida !

Sy - 10.11.05 - n.e.