terça-feira, março 21, 2006

Primavera !

Vem Primavera !
Acorda-nos da letargia do Inverno
Faz-nos sair dos casulos
E torna-nos borboletas !

Seca as nossas lágrimas do Inverno
Limpa o bolor das nossas almas
Estonteia-nos com os teus aromas
Torna o nosso coração mais leve

Salpica-nos com as tuas cores
Areja as nossas ideias
Enterra as chaves da escuridão
Ilumina os nossos sentimentos

Chegou a tua hora !
Sê bem-vinda !

21.03.06 - Sy - n.e.



Voos ....

O espírito ainda estava a dormir
Mas a alma, essa já tinha acordado
Acordado bem cedo e para ela
A alvorada tinha uma luz especial
Um cheiro suave de murta fresca
Um burburinho de água pura

Deixou-se levar pela brisa
Brincou de maestro com os pássaros mais madrugadores
Tocou levemente as flores para as acordar
Cantou baladas para adormecer as corujas
Embrulhou em tecidos de lã o brilho das estrelas
Cobriu a Lua com véus etéreos

E

Dançou com as nuvens para abrir as cortinas do Céu
Com a ajuda dos anjos levantou os véus da cama do Sol
A alvorada passou a dia, as trevas fizeram uma trégua
E a alma, essa fez uma vénia de agradecimento
E chamou o espírito para a Vida.

21.03.06 - Sy - n.e.

segunda-feira, março 20, 2006

Ampulheta da nossa vida

Tempo : Ampulheta da nossa vida

É aquele que não pára quando queremos
Que corre quando não temos tempo
Que leva uma palavra na asa
Um sentimento no corpo
Que parece parar quando uma criança nasce
Que anda mais depressa quando a infância voou

É também o tempo atmosférico
Que faz vergar ar árvores sob o vento
Que lhes arranca as folhas, as desnuda
Que tinge as nuvens de raios, de cor ou negras de medo

Mas também que inunda a terra e a torna fecunda
Que cobre os campos com as cores do arco-íris
Que pincela de verde manso os bosques
Que dá vida aos ramos adormecidos das árvores
Que acorda as flores, as penteia, e as veste

E é o tempo físico que, ainda, não aprendemos a controlar
Que teima em nos modificar as feições
Em nos fazer andar mais devagar, quando o tempo escasseia
Que nos faz curvar perante ele, quase fazendo vénia ao passado
Vénia que deveríamos ter feito enquanto havia tempo
Porque, um dia, já não há tempo para ter tempo
Ele engoliu-nos.

E, nesse curto espaço de tempo, damo-nos conta
Que não tivemos tempo para tanta coisa, que afinal não precisava assim de tanto tempo :
Aquela palavra que tanto tínhamos querido dizer
Aquela confissão tanto tempo calada
Aquele beijo de bom dia que só leva um segundo
Aquela palavra meiga e de ânimo que pode devolver o tempo
Aquele abraço que faz reter o tempo
Aquele sorriso que apaga o tempo da dor

Tempo : nuvem intemporal da nossa vida
Mais veloz que a nossa ânsia de a agarrar

20.03.06 - Sy. - n.e.