sexta-feira, julho 29, 2005

Múrmurios






Um pássaro voou vindo Norte com múrmurios de esperança orvalhados pelas brumas do oceano, cansado com as hesitações do vento, mas com um rumo bem claro só ditado pelo Amor, deixando um rasto de gargalhadas de felicidade !

Tardor: Julho 2005

quinta-feira, julho 28, 2005

Revisiting Alqueva

O mergulho de um sonho ou uma natureza inundada.

Ainda sonho com as pernocas hesitantes que andavam pelos meus caminhos, trilhando seus mundos ainda por desbravar.

Ainda sonho com aquele cheiro indiscritível que só a pureza deles tinha.

Depois, com as suas pernas um pouco mais firmes, namorando debaixo dos galhos frondosos das minhas árvores, desenhando corações cheios de esperança em seus troncos resinosos.

Mais tarde, com as mesma pernas, mas desta vez carregando seus filhos às costas e mostrando-lhes as promessas de amor nas tais árvores já velhinhas mas quão orgulhosa de serem guardiãs de tamanha felicidade.

E por fim, com as suas pernas de novo hesitantes, de tão cansadas da vida, recordando com nostalgia os sonhos que já lá vão.

Eram fantásticos aqueles dias, em que as minhas sombras se enchiam de gente, de farnéis, de brincadeiras, de cantos e de ...... vida !

Dias em que meus lagos refrescavam seus corpos e suas almas e minhas nascentes saciavam suas sedes.

Tenho tantas saudades dos amanheceres cheios de leveza e da languitude das longas tarde de verão cheias de aromas quentes de flores entretanto fecundadas, cheias de palavras de amor sussurradas na frescura da brisa .

Tenho tantas saudades dos crepúsculos de outono, das cores das folhas que ainda teimavam em se agarrar à vida e do som do resfolegar daquelas que já tinham deixado sua segurança, mas que alimentavam a minha alma.

Também tenho saudades dos invernos, uma vezes gélidos naquela imensa solidão, outras vezes chuvosos, deixando encharcadas nossas raízes de vida, outras vezes tempestuosos fazendo tremer nossos galhos desprotegidos com tanta ventania furiosa que até parecia desejosa de nos deitar por terra, com tanto raios que até pareciam querer acordar a morte.

E as primaveras, Ah as primaveras !

A deliciosa comichão que me fazia aquele brotar de vida. As primeiras ervinhas, as primeiras folhas cheias de doçura na sua cândida inocência.

Das primeiras flores cortejadas pelos seus ranchos de abelhas.

Do cheiro tenro dos primeiros frutos, cheios de deliciosas polpas sumarentas que tantas bocas haveriam de satisfazer ...

Agora fui esquecida. Alagada. Inundada. Profundamente magoada porque as pessoas que durante tanto tempo se serviram de mim, comeram de mim, beberam de mim, fizeram das minhas sementes seu pão da vida, das minhas videiras o sangue de Deus, da minha madeira seus abrigos de vida, de minha lenha suas lareiras para aqueceram seus corações de esperanças e , às vezes, suas mágoas e desalentos, que ao enfeitarem as minhas árvores com o espírito do Natal, tantos corações empedernidos, mas que pela beleza voltavam a ser criança encantaram ..... se esqueceram de me dizer : Obrigada por tudo e desculpa .....

Ainda sonho. Agora só sonho .....
Sy. Fev. 2002

Tardor

Nostalgia





"On a tous besoin de quelqu'un, de quelque chose ou d'un ailleurs que l'on n'a pas"
Gilbert Bécaud

Grande cantor, compositor, escritor e sobretudo Mestre da alma !
Que pena não se ouvir mais vezes ....

Tive a enorme sorte de o ver em Lisboa no Coliseu, na 1ª fila da Plateia ! e cantou uma estrofe da "L'important c'est la Rose" comigo ! Unforgettable

Pensamento ...

Esperguiçar de manhã em lençóis frescos de linho com bordados de sonhos de encantar e múrmurios de amor……Esticar numa areia quente com vista pró mar, colher flores lavadas pela noite em campos virgens de dor, deixar secar pela brisa a lágrima que brota fruto de uma enorme alegria

O adormecer do Paraíso


Noite cálida, respirar quente de flores silvestres, aromas de maresia, o amor sempre ao lado, aquele olhar de sempre como nunca, o som da água que se deita na areia ainda morna ….