sexta-feira, julho 29, 2011
quinta-feira, novembro 04, 2010
quinta-feira, agosto 07, 2008
Tem de ser hoje .....
Talvez o Mundo já corra demais.
Hoje deves ouvir.
Talvez interesse a opinião dos outros.
Hoje deves olhar.
Talvez haja alguma novidade fora de ti.
Hoje deves dar.
Talvez o que te sobra falte a alguém.
Hoje deves falar.
Talvez tenhas alguma boa nova a dar.
Hoje deves rezar.
Talvez tenhas necessidade de um Pai.
Hoje deves pensar.
Talvez te seja útil um auto-retrato.
Manuel Rito Dias - "Deserto Sul" - 07.08.08
segunda-feira, julho 14, 2008
Sense and sensivity




Que nos cobrem como véus … e nos segredam ilusões
Cores inebriantes, mas muitas delas suaves como a terracota
Suaves e ternas como uma brisa de verão
Chamamentos das mesquitas para as orações
Que mexem com qualquer alma, por mais agnóstica que seja
Encantamentos soltos pelos labirintos …
Danças do ventre que se adivinham em cada recanto
Sensualidade constante, pairando solta
Mas cativando e entorpecendo, mesmo que não se queira ….
É África …
É outro Continente !
Não é um “desterrar”
É só um “atravessar” de um estreito, de uma civilização
É ….. Marrocos !
Tudo é relativo !
Aos 25 quer-se viajar pelo Mundo
Aos 30 quer-se uma boa casa, uma boa Mulher, um bom ordenado, um bom carro e o bairro onde está a casa !
Aos 35 quer-se, além do anterior, quer-se um filho e sonha-se com a Mulher do vizinho ….
Aos 40 já só desejamos estabilidade e a saúde da família
Aos 45, pedimos que o emprego se mantenha, que a Mulher aguente as rabugices, e o filho cresça !
Aos 50 só pedimos e desejamos ter uma bóia sólida que nos mantenha é tona !
Aos 55 rezamos todos os dias para que a bóia não fure !
Dos 60 em diante, e do cimo da nossa bóia, pensamos que afinal não tivemos tempo para nada …..
Sy – 14.07.08 – n.e.
quarta-feira, março 21, 2007
Vem a mim ....

Mas despreza-se o mendigo
Vira-se a cara á mão estendida pela fome
Esquecem-se as palavras : Comunidade, Ajuda
Hoje é o dia da Primavera, da Árvore e da Poesia …
Mas os corações continuam empedernidos e frios
As árvores são dilaceradas por máquinas
Queimadas vivas num choro que ninguém ouve
A Poesia virou romance de cordel
Está oca de palavras sentidas
Mas a Natureza é realmente Única !
E as árvores vestiram-se de novo
Com os seus véus de um verde diáfano
Mostrando-nos que os seus ramos, aparentemente mortos,
Eram simplesmente o refúgio da vida, perante as intempéries
As flores continuam a brindar-nos com as suas cores e aromas
A fazer-nos sorrir quando encontramos tempo para isso
Os pássaros não se cansam de cantar logo pela alvorada
Ensinam-nos sons de encantar, apesar de lhe apontarmos espingardas …
Faça-mos como aquela borboleta esvoaçante e linda
Vamos sair do casulo e dizer :
Sejas bem-vinda Primavera !
Adeus tristeza !
Vem a mim – Oh vida !
segunda-feira, novembro 06, 2006
Entardecer ....

Mística hora do entardecer
límpida luz a ocidente
berço onde estrelas
nascem a rir
subitamente.
E as almas. Harpas que Deus dedilha,
vibram tocadas pela maravilha
desta leveza que a tarde tem
desta beleza que em si contém
toda a promessa de eternidade
que nos seduz.
Mística hora do entardecer
taça entornada de etérea luz
Fernanda Seno – Livro “Cântico Vertical”
In “Fátima Missionária”
terça-feira, outubro 10, 2006
Lux ....

De Outono
Acende a luz que há em ti !
Esquece o mundo pardo
Pega nos teus pincéis
Dá novas cores ás pálidas flores
Põe cortinas de dia nas janelas da noite
Fecha a sete chaves os pensamentos negativos
Deixa voltar as boas recordações
Dança com elas
Faz da chuva a tua orquestra
Enfeita a tua alma
De laços de ternura
Enche o teu peito
De gargalhadas de Sol
Alumia os teus dias
Com velas de esperança
Perfuma a tua alma
Com cheiros de infância
Abana a letargia
Acorda o sono
Despeja a maré prenha de algas
E recorda o caminho da felicidade !
sexta-feira, setembro 22, 2006
Em Branco ...

Quantas vezes a nossa vida não nos parece ser como esta placa ?
E achamos que é desespero ??
Estamos sempre em busca de alguma coisa
Alguma estrada
Algum sentido
Algum projecto
Ficamos atarantados quando não encontramos
A direcção certa
O caminho certo
O nome certo da Rua
Porque não tentar simplesmente
Deixar assim …..
A Vida
O acaso
Os trambolhões
As desilusões
E sobretudo
A esperança
As ilusões
A sabedoria
A sensatez
A experiência
Encarregar-se-ão de por um nome ….
Se tentássemos todos ter uma placa, uma direcção, em branco
A aventura da vida seria bem mais apetitosa !
quinta-feira, setembro 14, 2006
Revesitando .....

Deixa-me visitar a tua alma
Oferecer-lhe um chá com mel
E uns biscoitos de nostalgia
Deixa-me abrir os baús esquecidos
Cheios de sentimentos disfarçados
De roupas carnavalescas e poeirentas
Deixa-me ver o que os teus olhos esqueceram
Deixa-me acordar os sonhos há tanto adormecidos
Deixa-me pôr a tocar aquela música
Deixa-me repor um sorriso no ursinho
Que abraçavas antes de dormir
Deixa-me dar brilho àquela medalha que ganhaste
Numa tarde molhada, de Outono
Deixa-me tirar os vincos dos sonhos de aventura
Que guardaste à pressa, como se tivesses vergonha
Deixa-me redesenhar o teu primeiro beijo
Deixa-me ……
Deixa-me revisitar o teu passado
Para melhor construir o futuro
Sy 14.09.06 - n.e.
terça-feira, setembro 05, 2006
sexta-feira, agosto 18, 2006
sexta-feira, julho 28, 2006
Doçura ....
Há tanto tempo que me tinha esquecido dele
Tem um bocadinho de bolor
Um bocadinho de desilusão
Um bocadinho de solidão
Um bocadinho de dor
Um bocadinho de nada
Um bocadinho de amargura
Ficou quase sem cor na escuridão
Veio uma brisa, abriu o armário, viu o frasco
Colou os pedaços da sua alma
Aqueceu o seu coração com o fogo da esperança
Sacudiu-lhe o pó da espera
E posou-o na janela do seu coração
E a doçura desenrugou o seu sorriso
Espreguiçou a sua alegria
Engasgou-se no seu riso
Gatinhou, andou, correu e voou
Pra junto da meiguice !
Sy - 28.07.06 - n.e.
quarta-feira, julho 26, 2006
sexta-feira, julho 14, 2006
quarta-feira, julho 05, 2006
domingo, julho 02, 2006
Portugal - Inglaterra
sexta-feira, junho 30, 2006
sexta-feira, maio 19, 2006
Deixei de sobreviver, estou a viver !
Tirei a venda dos olhos
Desfiz os novelos das dúvidas
Arrumei a palavra Medo
Engomei muito bem a Confiança
Abri as gavetas da Esperança
E afoguei o Desespero
Arrumei as peças do passado
Tratei das mais magoadas
Deitei fora as que não tinham sentido
Reavivei as cores das mais esquecidas
Encarei as do presente
Reinventei as do futuro
Aceitei a provocação dos desafios
Acarinhei os esboços dos sonhos
Atrevi-me a pegar no tinteiro
E a desenhar traços firmes no futuro
Ouvi murmúrios doces,
Deixei-me seduzir pela Liberdade
Apanhei a carruagem da frente
E deixei a brisa da Vida varrer a comodidade
O verbo “sobreviver” ?
Larguei-o no vazio do Adeus !
Sy - 19.05.06 - n.e.
quinta-feira, maio 18, 2006
Será que é preciso ter vontade para apetecer ?
Apetece deixar o sono continuar apesar do Sol
Apetece sentir o sal das ondas do mar
Apetece apanhar com toda a força a brisa da manhã
Apetece sossegar naquela nuvem branca
Apetece mergulhar no limbo
Apetece …..
Apetece ter vontade de continuar a viagem da Vida
Apetece tentar colar os rasgões da fotografia da nossa existência
Apetece ter vontade de apetecer não fazer nada
Apetece ter vontade de aguçar o apetite da vontade
Apetece ter vontade de nada apetecer e deixar tudo como está
Mas a isso, ensinaram-nos que se chama, cobardia. E essa palavra feia dá-nos vontade de, sobretudo, continuar a apetecer seja o que for
Sy - 18.05.06 - n.e.
sexta-feira, abril 28, 2006
Dor ...
Muitas vezes ela é bem necessária, apetece-nos enrolar-nos nela, deixá-la cobrir-nos com o seu manto tecido de dúvidas, embrulharmo-nos nas suas brumas viscosas, bebermos o seu trago de fel que nos faz adormecer ao som da incerteza …
Depois, ás vezes, vem um cheiro conhecido trazido pela brisa que nos faz lembrar sonhos distantes, toca uma música no rádio que nos transporta para os braços de quem amamos e tudo se torna mais fácil, mais claro, como o romper da madrugada iluminada pelo nascer de um Sol desavergonhado, que nos chama, quase nos grita !
E como que um clarão, tudo nos passa pela memória, e a dor que nos acordou vezes sem fim durante o breu da noite, torna-se menos pesada, os ombros ficam mais descontraídos, o grito que estava para sair em torrente desgovernada torna-se num murmúrio tímido.
O riso dos pássaros que cantam a alvorada, o aroma ainda tímido das flores amarrotadas pela noite, o dançar da cortina na brisa fresca da manhã ajudam a voar das garras da dúvida.
Apetece rasgar o pensamento, esgueirar-nos, nem que por um ápice, para um abraço, um colo, um choro de alegria mesmo que com dor à mistura ….
E é nessa mesma dor, que á força de ser tão vivida, partilhada e chorada, encontramos o Amor, e nessa altura a dor quase se transforma em bálsamo !
Sy - 18.08.05 - n.e.
quinta-feira, abril 27, 2006
Solidão ...
Naquele tempo era uma cidade fantasma. Chuvosa, barrenta, suja do pó do desalento.
O barracão fora uma igreja em tempos de fé, onde agora e de quando em vez ecoavam maravilhosos cantos clamando por uma vida melhor.
Nas frinchas das casas que outrora tinham abrigado risos de alegria, passava um vento seco escaldante que calava qualquer grito de clemência.
As prateleiras das lojas que antes ofereciam frutas suculentas e víveres em abundância colorida, estavam agora cheias de nada, cobertas por teias de incertezas e pó de abandono..
Nas ruas passeavam sombras de um passado bem próximo, antes carregadas de sonhos, agora de G3 penduradas em fardas esfarrapadas.
Um dos raros telefones ainda existentes tocou. E ele teve que partir para a Capital. Voltaria 24 horas depois. Ela decidiu ficar.
Quando voltou para casa estava só. Eram 17h00 mas o Sol ainda ia alto. Comeu, não tanto por fome mas mais para ocupar o tempo. E depois de tudo no sitio não havia mais nada para fazer. E o sol ainda estava alto. Então percebeu o significado de outra palavra . a Solidão.
Era uma coisa enorme. Era um manto tecido de amargura, de tristeza, de escuro. Sufocante, pegajoso, doentio. Tentou despi-lo mas ele teimou em agarra-se como uma lapa.
Chorou. Chorou lágrimas salgadas como ondas raivosas que tentam destruir falésias. Começou a desmoronar-se, a perceber o tamanho imensurável do silêncio. O eco da angustia era aterrador.
Apercebeu-se que os seus gritos ficavam calados, não atravessavam as grades feitas de redes de incertezas apesar de saírem do seu peito ferido com a força como de um parto. Pois era disso que se tratava. De um parto para uma nova vida, totalmente bravia, virgem de qualquer conhecimento, imaculada de qualquer sentimento.
Finalmente adormeceu em lençóis de lágrimas, fronhas de desgosto e manto de saudade velada pela Lua fria e descolorida.
Sy - 1989 - n.e.
segunda-feira, abril 24, 2006
Um belo dia ....
À medida que as minhas folhas iam emergindo, dei-me conta que fazia parte de um grande jardim, com muitas flores e plantas e relva. Sonhava que depois de crescida iria ser bonito olharem para nós, tranquilizante a nossa presença, cheiroso o nosso perfume para as pessoas dentro dos carros apressados e para as pessoas que ainda andavam a pé.
Lá formámos o nosso jardim. Bem bonito. Demos abrigo a insectos que ajudavam à nossa reprodução. Demos origem a um lugar lindo à beira do inóspito asfalto, sujo, barulhento, tanto gélido como infernalmente quente.
Demos lugar a momentos breves de descanso para os olhos daquela gente atarantada de tanta confusão. Demos alguns momentos de tranquilidade àqueles emaranhados confusos de mentes sem tempo para viver na correria para a sobrevivência.
Dei alguma esperança às pessoas que passavam nas manhãs frias em que eu lhes acenava com as cores das minhas flores. Alguma coisa iluminava-lhes o olhar. Havia o esboço de um sorriso, havia o diálogo com os mais “loucos”.
Diálogo breve, mas diário :
- Está frio hoje não achas ?
- Olha, tens mais uma folha !
- Hoje, estava mesmo a precisar de te ver, estou tão triste ....
Enfim, coisas que só nós plantas e flores conseguimos ouvir destas pessoas que a vida teima em vão, em desumanizar.
Quando tudo parecia em perfeita harmonia, eis senão quando surgem umas enormes máquinas, que fizerem uns buracos do tamanho do mundo, Faziam estremecer as nossas entranhas, Fechei os olhos de tanto medo. As minhas folhas perderem o brilho, conspurcaram-se de pó, de frio, de lama. A minha flor caiu de vergonha de ver as nossas companheiras tombadas, espezinhadas, enxovalhadas naquela maré de destruição. Encolhi-me o mais que pude, o suficiente para eles acharem que tinham acabado comigo. Ali fiquei agachada, enfiada dentro de mim própria sem saber o que fazer. Ainda conseguia ouvir as tais vozes, tristes comigo por tal selva
terça-feira, março 21, 2006
Primavera !

Acorda-nos da letargia do Inverno
Faz-nos sair dos casulos
E torna-nos borboletas !
Seca as nossas lágrimas do Inverno
Limpa o bolor das nossas almas
Estonteia-nos com os teus aromas
Torna o nosso coração mais leve
Salpica-nos com as tuas cores
Areja as nossas ideias
Enterra as chaves da escuridão
Ilumina os nossos sentimentos
Chegou a tua hora !
Sê bem-vinda !
21.03.06 - Sy - n.e.
Voos ....
Mas a alma, essa já tinha acordado
Acordado bem cedo e para ela
A alvorada tinha uma luz especial
Um cheiro suave de murta fresca
Um burburinho de água pura
Deixou-se levar pela brisa
Brincou de maestro com os pássaros mais madrugadores
Tocou levemente as flores para as acordar
Cantou baladas para adormecer as corujas
Embrulhou em tecidos de lã o brilho das estrelas
Cobriu a Lua com véus etéreos
E
Dançou com as nuvens para abrir as cortinas do Céu
Com a ajuda dos anjos levantou os véus da cama do Sol
A alvorada passou a dia, as trevas fizeram uma trégua
E a alma, essa fez uma vénia de agradecimento
E chamou o espírito para a Vida.
21.03.06 - Sy - n.e.
segunda-feira, março 20, 2006
Ampulheta da nossa vida
É aquele que não pára quando queremos
Que corre quando não temos tempo
Que leva uma palavra na asa
Um sentimento no corpo
Que parece parar quando uma criança nasce
Que anda mais depressa quando a infância voou
É também o tempo atmosférico
Que faz vergar ar árvores sob o vento
Que lhes arranca as folhas, as desnuda
Que tinge as nuvens de raios, de cor ou negras de medo
Mas também que inunda a terra e a torna fecunda
Que cobre os campos com as cores do arco-íris
Que pincela de verde manso os bosques
Que dá vida aos ramos adormecidos das árvores
Que acorda as flores, as penteia, e as veste
E é o tempo físico que, ainda, não aprendemos a controlar
Que teima em nos modificar as feições
Em nos fazer andar mais devagar, quando o tempo escasseia
Que nos faz curvar perante ele, quase fazendo vénia ao passado
Vénia que deveríamos ter feito enquanto havia tempo
Porque, um dia, já não há tempo para ter tempo
Ele engoliu-nos.
E, nesse curto espaço de tempo, damo-nos conta
Que não tivemos tempo para tanta coisa, que afinal não precisava assim de tanto tempo :
Aquela palavra que tanto tínhamos querido dizer
Aquela confissão tanto tempo calada
Aquele beijo de bom dia que só leva um segundo
Aquela palavra meiga e de ânimo que pode devolver o tempo
Aquele abraço que faz reter o tempo
Aquele sorriso que apaga o tempo da dor
Tempo : nuvem intemporal da nossa vida
Mais veloz que a nossa ânsia de a agarrar
20.03.06 - Sy. - n.e.
sexta-feira, fevereiro 24, 2006
Cócegas !
Deixei-me acordar pela caricia de um tímido Sol há pouco tempo acordado e com os seus raios ainda amarrotados.
Deixei os meus pensamentos voar livremente ao sabor do chilrear dos primeiros passarinhos. Deixei a minha alma, vinda de um destino sombrio e gélido humanizar-se com tanta doçura.
Reencontrei o sabor do toque da relva ainda menina de tão fresca, da gota de orvalho nas folhas das mimosas rebentando de seu cheiro inebriante.
Enterneceram-me os galhos despidos á procura do Céu e da sua dádiva de novos frutos, cujos primeiros tímidos rebentos lhes começavam a cobrir a nudez.
Durante tanto tempo não tinha escutado as palpitações da Vida. Nem as minhas aliás !.
Palpitações que agora ecoavam fortes neste novo coração cheio de sentimentos galopantes, misteriosos e desarrumados.
Deixei meus passos seguirem seu rumo, há tanto tempo traçado, e durante tanto tempo refreado e humilhado.
E esse rumo levou-me por entre bosques de árvores cujos leves troncos me acariciavam e encorajavam nesta longa e penosa caminhada de reencontro. Algumas borboletas de cores salpicadas de alegria, saudavam-me e davam-me as boas vindas.
Todos os seres estavam a despertar para a Vida e o convite era irresistivelmente acolhedor.
Deixei-me rir de felicidade com as cócegas que Ela me estava a fazer !
Sy - 24.02.06 - n.e.
quarta-feira, fevereiro 08, 2006
Varridelas ....
Varre-se o espírito
Ordenam-se ideias
Guardando maus pensamentos
Em gavetas cuja chave se perde
Desempoeirando o armário da bondade
Com panos de carinho
Tirando as teias de aranha da confiança
Com pinceladas de atrevimento
Arejando as caves das mágoas
Com brisas de perdão
Tirando a névoa do olhar
Com lágrimas de felicidade
Limpando o bolor do sorriso
Dando gargalhadas de boa disposição
Sy - n.e. - 08.02.06
quinta-feira, janeiro 26, 2006
Espera ...
Desespera-se com a tristeza
Espera-se a confiança
Chora-se com a traição
Espera-se um sorriso
Entristece-nos a lágrima
Vai-se esperando ….
Um dia …..
Espera-se um Amor
Que se demore sem limites
Que faça do verbo esperar
Una palavra de esperança, sem delongas
n.e. Sy - 26-01-06
quarta-feira, janeiro 18, 2006
Nevoeiro ...
Será um manto de Deus ? Será, cruamente e friamente, uma conjugação meteorológica de factores ?
O certo é que de facto é fascinante na sua forma de aparecer e desaparecer de forma silenciosa e subtil e sub-reptícia.
Quando aparece dá-nos uma sensação de conforto, de ninho, de distanciamento dos problemas, de diluir das mágoas, das indefinições, dos dissabores, das incertezas, de abafar dos gritos. Dá-nos vontade de esquecer “o lá fora”, de aconchegar o edredão à nossa cara, de nos virar-mos para dentro, de entrar na nossa alma, de escutar os nossos segredos mais recônditos, de dar largas á imaginação, de dar voz às frases soluçadas, aos desejos sussurados, aos abraços desfeitos, à imaginação descolorada ...
E quando ele se retira, por vezes tão rápido como o secar de uma lágrima, vislumbramos ruídos e formas que estavam somente adormecidas por ele :
Do então canto longínquo de um pássaro, vislumbra-se a sua forma, o seu porte, o brilho ainda húmido das suas asas. Do cheiro a pão fresco e a café, surge a casa ainda meio estremunhada, com as suas janelas protegidas por cortinas pacientemente feitas á mão em dias frios de inverno, Deus sabe tecidas com que sentimentos. Surge o gato por detrás dessas cortinas esperando felinamente que o sol lhe venha acalentar o pêlo. Dos vasos pendurados na nossa janela surgem, de novo, as belas flores, que nos parecem ainda mais coloridas, com as sua pétalas orvalhadas !
Infelizmente também surgem as antenas nos tectos, a sujidade das ruas, o barulho dos carros, a correria desenfreada das pessoas que não sabem para onde vão, a poluição do ar, a podridão !!!
Sy - n.e.
10-10-03
terça-feira, janeiro 10, 2006
Quando ...
É porque a alma está completamente despertada
Os sentidos completamente alertas
É quando o riacho se torna rio
Ainda que por vezes tropeçando nas pedras
Que são apenas hesitações da vida.
10.01.06
Sy. n.e.
quinta-feira, dezembro 29, 2005
Mais Pessoa !
Nao sei. Um outro Flui
Entre o que sou e o que fui
29.12.05
Fernando Pessoa in Obras Inéditas
quinta-feira, dezembro 22, 2005
Natal ?
As ruas fizeram da noite dia !
Adultos e crianças brincam
Ao faz de conta da Alegria !
A azáfama nas lojas é grande
Pois a quadra é de festa
Infelizmente é só para alguns
Para outros a fome da vida continua
Mas, por esses, tentamos passar ao lado
Fingindo ignorar a mão estendida
A lágrima de desalento nos olhos tristes
Nas faces enrugadas pelos trilhos da vida
O grito calado do desespero
A solidão no meio de tanta gente
O corpo carente de calor humano
A Alma vestida de vergonha
Se cada um de nós conseguir “entregar” um sorriso
A um ser que chamamos de “pobre”
Certamente este Natal será mais rico e mais quente
Em prendas feitas de carinho e boa vontade
Que farão dissipar um pouco o nevoeiro
Que teima em fazer das suas Almas um novelo
Para todas essas pessoas que, nós, egoisticamente
Deitámos fora das nossas vidas
Dos nossos caminhos
Das nossas preocupações
E das nossas orações
Uma boa consoada !
Porque o Natal é “quando o Homem quer” !
Sy.
23.12.05 - n.e.
Remenbering .... Veneza

Veneza
Surgiu na proa
Por entre brumas de Lenda
S. Marcos parecia quase só um fio
E seus canais feitos de renda
A luz muito difusa
Deixava adivinhar palavras de Amor
Palavras ditas com paixão
Choradas com desilusão
Adivinhavam-se os rostos
Os pensamentos
As quimeras
Os desejos
Com o dissipar do nevoeiro
Os traços deixaram de ser a tinta da china
Para se cobrirem das cores do Arco íris
Os canais encheram-se de água
As montras iluminaram-se
Os pensamentos desabrocharam
O Rialto fez-se ponte
Ouviram-se as preces em S. Marcos
Os voos das pombas desenharam-se no Céu
Os acordes do piano do Florian
Embalaram as gôndolas pintadas de humidade
Que nunca Deus permita que ela se afunde no lodo dos esgotos da vida !
Sy - 10.11.05 - n.e.
quinta-feira, novembro 17, 2005
Sabedoria ...
"Dentro de mim existem dois cachorros, um deles é cruel e mau, o outro é muito bom e dócil. Andam sempre em grande luta.
Quando lhe pergutaram qual dos dois ganharia essa luta, o sábio indio parou, reflectiu e respondeu :
quarta-feira, novembro 16, 2005
Globalização ....
O ratinho estava na toca, encurralado pelo gato, que, do lado de fora, miava:
- MIAU, MIAU, MIAU ...
O tempo passava e ele ouvia:
- MIAU, MIAU, MIAU ...
Depois de várias horas e já com muita fome o rato ouviu:
- AU! AU! AU!
Então deduziu: "Se tem cachorro lá fora, o gato foi embora". Saiu disparado em busca de comida.
Mal saia da toca já o gato CRAU! Inconformado, já na boca do gato perguntou:
- Eh gato! Que sacanice é essa?????
E o gato respondeu:
- Meu filho, nesse mundo globalizado de hoje, quem não fala pelo menos duas linguas morre de fome ...
quinta-feira, novembro 10, 2005
Remenbering ....
As pedras sangram mágoas recentes
Entre ruelas onde ainda reside a esperança
Os olhos das crianças são pontos de interrogação
Sobre um futuro de incerteza
Os olhares dos mais velhos são espelhos
De dor, tumulto, tristeza, perda, descrença ….
Mas lá bem no fundo há um encanto e um brilho
Que apesar da sombra ilumina, como um raio de luz
Sy - 09.11.05 - n.e.
quarta-feira, novembro 09, 2005
Frases sábias ...
Madre Teresa de Calcutá
quarta-feira, novembro 02, 2005
terça-feira, outubro 11, 2005
segunda-feira, outubro 10, 2005
Tempestade em áfrica !
O céu encheu-se de luz, rasgou-se rios de prata e de afluentes de ametistas. Todas as forças da terra pareciam ter-se juntado numa explosão de vida. Num renascer vindo do Além. Veio primeiro seca e dura, deixando-se depois molhar pelas primeiras gotas de água, qual bálsamo que a refrearam e acalmaram.
Deixou de ser aterradora, para ser simplesmente libertadora.
A terra sorveu a abençoada chuva, com a sofreguidão do desejo. Os pássaros saíram dos seus ninhos e voaram as flores espreguiçaram-se para a humidade retemperadora, a terra suspirou de alívio e transpirou de felicidade.
Chegou uma brisa lavada de fresco vinda do mar que brincou com os pensamentos ainda atordoados por tanta força e beleza.
Depressa desceu as escadas e foi mergulhar naquela esfusiante festa de sentidos. Deixou-se inebriar pelas carícias húmidas, pelos cheiros molhados, pela visão estonteante da terra suavemente desflorada pela chuva .
Dançou ao som dos beijos das ondas, do crepitar das gotas em folhas de zinco, do riso das crianças brincando nos riachos feitos á pressa pela mão divina. A sua alma esvoaçava na transparência cristalina daquele momento tremendamente breve.
Rapidamente essa superficial frescura deu lugar a um calor ensopado. Tornou-se tão pesado que fazia vergar os ombros. Tão quente e denso que custava respirar. Tão envolvente que qualquer tentativa para pensar era uma pura quimera.
Sy. 12.05.03 - n.e.
sexta-feira, setembro 30, 2005
Saudade
Ver a sua cama aberta pelos anjos
Com lençóis bordados de nuvens
Salpicados de orvalho
Sentir o seu primeiro sorriso
Na nossa bochecha ainda amarrotada pelo sono
É um imenso privilégio
Até a Saudade se encolhe por momentos
Deixa a Paixão respirar
E o abraço aconchegar
Sy. 30-09-05 -n.e.
terça-feira, setembro 27, 2005
Longing ...
Num mar imenso de encantamento
Sinto como um trovão
Sinto uma torrente de emoção
Que me inunda e me ilumina
Como lava na escuridão
É como uma gota de mel
Numa alma em puro estado de erosão
Sinto o teu abraço
Sentada em teu regaço
Sinto uma enorme tranquilidade
É um estado de alma de rara beleza
Alagada de uma enorme pureza
Sy. 27.09.05 - n.e.
quinta-feira, setembro 22, 2005
Esperando ...
Que dá cócegas
E um sentimento de adolescência
Perdido nas brumas da vida
É uma meta
É um chegar a porto seguro
É um amarrar de cordas
Num cais tranquilo
É o deitar na areia quente
Á espera da brisa de um carinho
Sy. 22.09.05 - n.e.
Fernanda Botelho
Um sorriso domou a tempestade
E o mundo se jogou na imensidade
Duma pequena coisa, apenas uma.
Fernanda Botelho
terça-feira, setembro 13, 2005
Ecos ..-
Tem um clamor de eternidade
Tem as cores do arco-íris
Tem uma insustentável leveza
Tem uma onda de comunhão
Tem a nobreza do sentimento
Quando essa palavra calada
É concebida pelo Amor.
Sy. 13.09.05 - n.e.
Natália Correia
de damasco por entre os automóveis.
Apareces e logo adquires em minha eclíptica visual a lassidão equinocial que espalha a cor na minha íris.
Apareces como o começo de qualquer coisa interminável de tão importante é tão frágil
teu vulto que nem estremeço.
Apareces como se gentilmente viesses para apanhar um trevo e o domingo almofada anil
cede à tendência do teu perfil de ficares num baixo relevo.
Natália Correia
segunda-feira, setembro 12, 2005
Laços de ternura
De saudade
De alegria
De efusão
De imensidão
De ternura
De profunda comunhão
Com a eternidade do sempre
Sy - 12.09.05 - n.e.
quinta-feira, setembro 08, 2005
Será ?
E uma tresmalhar de sentimentos
E uma explosão de ternura
Uma torrente de emoções
Uma teia de frescura
Um acordar do mundo
É o orvalho da manhã
É a carícia do Sol nascente
É o deixar secar uma lágrima de alegria
Pela brisa de um beijo
Enche-se o peito de ar
Mas ele teima em não querer sair
Quer-se gritar mas o eco não vem
Acho que é o Amor !
Sy. 08.09.05 n.e.
quarta-feira, setembro 07, 2005
Vem !
Deixa-te renascer
Vem sem defesas
Vem sem tristezas
Vem com amor
Não tenhas medo
Sente a plenitude do momento
Olha para mim como da primeira vez
Cobre a nudez da incerteza
Com gestos de ternura
Deixa a angustia fugir
Sente a minha mão
Que te ter guiar em momentos de aflição
Deixa fluir as palavras, os momentos,
Larga a dor, vive a imensidão !
Bate as asas e deixa o vento guiar-te
Ele nunca se engana !
Sy. 16.08.05 - n.e.
Sempre ...
Diz-me que não é um grito na escuridão
Diz-me que é um grito de esperança
Que mais tarde virá a bonança
Não deixes o eco romper-se na garganta
Fala-me da imensidão do nada
Não deixes a paixão calada
Diz-me que haverá um sempre
Que nada será inconsistente
Diz-me que o vento de tempestade
Calará o choro de ansiedade
Diz me palavras de maresia
Com sabor a profecia
Eu dei-te o meu Amor
Dá-me a tua Dor !
Sy. 17-08.05 n.e.
terça-feira, agosto 30, 2005
Despertar ....
Há o medo
Há o gatinhar
Há o aprender a andar
Há a teia da incerteza
Há o tamanho do querer
Há a vontade de ser
Há o esplendor da descoberta
Há a ânsia de saber
Mas ..Rompe as amarras
E deixa-te acordar
Porque a Vida
Essa não pode esperar !
Sy. 30.08.05 - n.e.
segunda-feira, agosto 29, 2005
Feelings ....
Mas em cada minuto é sentido
Tem sabor a fruto proibido
E cor de flor da paixão
Faz-me corar de alegria
Chorar de, já, Saudade
Dá-me um sentimento que arrepia
Um nervoso de vontade
Um medo sem razão
Sy. 29.08.05 - n.e.
sexta-feira, agosto 19, 2005
Bons conselhos ....
Samuel Beckett
quinta-feira, agosto 18, 2005
Gargalhando !!!
Soltam o coração
Deitam fora as mágoas
Fazem vibrar de emoção
São reflexos de alegria
Ás vezes tardia
Têm sons de magia
E dons de contágio
São muitas vezes a música
De um pensamento distante
Feito de murmúrios segredados
Ao som de raios de Lua
Lua tão pura e branca
Tão calada nas entranhas da noite
A sua intimidade e seu manto
Abrigam e acalmam encontros fugazes
De almas, muitas vezes, em pranto.
Depois ….
Voltam as gargalhadas !Felizes, cristalinas e transparentes
terça-feira, agosto 16, 2005

Pois, há quem esteja !!!
E há quem aproveite esse facto para acabar com este bocadinho de Península ! E há os fantásticos governantes deste País que dizem que os fogos não são um motivo de preocupação !
Pena é que esta gentalha não faz a mínina ideia do valor que pode ter uma árvore, uma batata, uma cebola, uma couve, um feijão !
Já lá vão sete aldeias em Pampilhosa da Serra ! Vamos preocupar-nos ? ou vamos esperar que as chamas cheguem a S. Bento ?? É que não me parece que haja muita vontade, por parte de quem vos elegeu e não só, de as apagar se elas chegarem a tão nobre residência ! O povo, que os Senhores pensam que "é quem mais ordena" está a começar a ficar cansado de tanta inércia, e as azinheiras estão a ser lambidas pelo fogo ....
sexta-feira, agosto 12, 2005
quinta-feira, agosto 11, 2005
Words ...
As não ditas
As por dizer
As que são carícias
As que são dor
As que doem
As que amam
As verdadeiras
As de ternura
As de sabor a mar
E d' Amor ?
Ah ! essas são eternas !
Sy. 11.08.05 n.p.
Acordar ...

Abre o teu coração !
Deixa a vida entrar
Não negues a oração
Deixa-te desabrochar !
Querias uma porta
Só apareceu uma janela
Não deixes que ela se feche
Pois pode ser por ela que a vida brota !
Vive a vida
Perdoa a morte
Pois a primeira é efémera
A segunda eterna
A primeira é dádiva
A segunda é certeza
Por isso aceita o convite
E vive-a de forma plena
Dá-me os teus braços
O teu carinho, o teu sorriso
As tuas certezas e dúvidas
Dá-me o teu Eu
Dar-te-ei, para todo o sempre, o meu !
Uma gota salgada caiu no meu coração
E o fez estremecer de emoção
Não deixes que a dor e o desalento
A faça evaporar-se em vão
Nunca mudes a cor dos teus pensamentos
Pois são eles que fazem o arco-íris da minha vida
quarta-feira, agosto 10, 2005
Silêncios ...
terça-feira, agosto 09, 2005
segunda-feira, agosto 08, 2005
Regresso à Terra .....
Welcome to Earth !
quinta-feira, agosto 04, 2005
Amar !
Amar só por amar : Aqui .. Além ...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente ...
Amar ! Amar ! E não amar ninguém !
Recordar ? Esquecer ? Indiferente ! ..
Prender ou desprender ? É mal ? É bem ?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente !
Há uma primavera em cada vida
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi p'ra cantar!
E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada
Que me saiba perder ... p'ra me encontrar ...
Florbela Espanca in DN 04.08.05
terça-feira, agosto 02, 2005
segunda-feira, agosto 01, 2005
Uma gota ...........

Uma gota de água, uma gota de fel, uma gota de mel, uma gota de vinho, uma gota de mar, uma gota de suor, uma gota de choro ... uma gota de tanta coisa !!!!
Uma gota a que ninguém liga, mas que de vez em quando é tão dura de verter, de ver e de sentir ... uma gota de água pode fazer a diferença entre a vida e a morte, pelo seu alimento, sua doçura, sua bravura, e quantas vezes sua candura na forma como é brotada .... ás vezes pela manhã por um simples orvalho, ás vezes pela tarde fica dessa gota a memória de uma tempestade que nos abalou, seja ela atmosférica ou quantas vezes interior, rebelde e feroz....
As gotas de fel, essas são mais duras, acertam no alvo como facadas, por vezes temporariamente mortais, amachucam, acordam sentimentos apagados, doem, revoltam ...e criam as gotas de choro e de tantos outros sentimentos ....
Uma gota de mel é aquela coisa cheia de luz que enfeita a colher e docemente escorre sobre o pão, que adoça a vida e nos dá alento para suportar as gotas de fel.
Uma gota de vinho é o símbolo do sangue de Cristo, da comunhão entre os homens de boa vontade, é o prazer da companhia, é o prazer da comida, escorrega bem, e sabe bem mas jamais deve ser tomada em desafio
Uma gota de mar é também uma gota de vida, é aquele salgado que fica depois de entrarmos nele, de nos deleitarmos com suas ondas, de nos embalarmos com seus sons, de nos cegarmos com a sua cor e tantas vezes de não percebermos a sua imensidão ...
Uma gota de suor, pode ser de esforço, de alegria e até de imensa tristeza :
Alegria de um sol nascente, alegria do brotar da vida, alegria do nascer de uma criança, alegria de um reencontro, por vezes com nós próprios, alegria de um trabalho feito, de uma mancha de cor, do pisar do chão depois de chover e do seu cheiro, de um nascer do sol, de um pôr do mesmo, de um afago num momento de solidão ...
Tristeza de uma carta que não veio, de um telefone que não tocou, de uma pessoa que nos falhou, de uma pessoa que partiu, de uma dor que nos assola sem razão aparente mas que nos desfaz rapidamente, do barulho da solidão, do “tardor” da vida.....
Uma gota de suor pode também não ser só humana, pode ser aquela gota de chuva que cai em asfalto duro, empedernido, abrasadoramente quente e que deixa aquela fumaça de vida depois de caída, pode também ser aquele sangue vivo que brota das árvores, que tantas vezes são esquecidas , queimadas, ardidas ... mortas
Uma gota de choro é quase tudo junto, pode ser alegria, prazer, desgosto, desalento, amargura, espanto ...
Alegria de uma flor abrindo ao amanhecer, de uma borboleta voando, de um pássaro cantando a Primavera, do cheiro da relva cortada, do chão molhado, da terra lavrada e fecunda
Do prazer de um abraço, de um beijo, de uma confissão, seja ela qual for, de um olhar, de um sorriso,.....
Do desgosto de ver partir uma vida, da marca fria do corpo amado na cama desfeita, do choro de uma criança, do grito de um animal ferido, do esquecimento de um beijo, de uma lágrima caída sem razão, das folhas mortas, frias, molhadas e espezinhadas por passos sem destino .....
Do desalento da vida, de desconfiança, de medo, de ser atraiçoado, de não acreditar na credibilidade, da falta de força para enfrentar a vida, da desilusão, da traição ....
De amargura de não saber viver a vida, do tempo passado, do abraço não dado, do beijo ocultado, da carta rasgada, das palavras que não se disseram por falta de tempo ou de vontade, da fotografia amarelecida, da fruta não colhida, das pinhas da vida não apanhadas, da palavra que não se disse na altura e no momento certo de uma vida passada, da paixão que já não existe e daquela que deixámos passar ao lado da nossa vida ....
Sy. Out. 2003
sexta-feira, julho 29, 2005
quinta-feira, julho 28, 2005
Revisiting Alqueva
Ainda sonho com as pernocas hesitantes que andavam pelos meus caminhos, trilhando seus mundos ainda por desbravar.
Ainda sonho com aquele cheiro indiscritível que só a pureza deles tinha.
Depois, com as suas pernas um pouco mais firmes, namorando debaixo dos galhos frondosos das minhas árvores, desenhando corações cheios de esperança em seus troncos resinosos.
Mais tarde, com as mesma pernas, mas desta vez carregando seus filhos às costas e mostrando-lhes as promessas de amor nas tais árvores já velhinhas mas quão orgulhosa de serem guardiãs de tamanha felicidade.
E por fim, com as suas pernas de novo hesitantes, de tão cansadas da vida, recordando com nostalgia os sonhos que já lá vão.
Eram fantásticos aqueles dias, em que as minhas sombras se enchiam de gente, de farnéis, de brincadeiras, de cantos e de ...... vida !
Dias em que meus lagos refrescavam seus corpos e suas almas e minhas nascentes saciavam suas sedes.
Tenho tantas saudades dos amanheceres cheios de leveza e da languitude das longas tarde de verão cheias de aromas quentes de flores entretanto fecundadas, cheias de palavras de amor sussurradas na frescura da brisa .
Tenho tantas saudades dos crepúsculos de outono, das cores das folhas que ainda teimavam em se agarrar à vida e do som do resfolegar daquelas que já tinham deixado sua segurança, mas que alimentavam a minha alma.
Também tenho saudades dos invernos, uma vezes gélidos naquela imensa solidão, outras vezes chuvosos, deixando encharcadas nossas raízes de vida, outras vezes tempestuosos fazendo tremer nossos galhos desprotegidos com tanta ventania furiosa que até parecia desejosa de nos deitar por terra, com tanto raios que até pareciam querer acordar a morte.
E as primaveras, Ah as primaveras !
A deliciosa comichão que me fazia aquele brotar de vida. As primeiras ervinhas, as primeiras folhas cheias de doçura na sua cândida inocência.
Das primeiras flores cortejadas pelos seus ranchos de abelhas.
Do cheiro tenro dos primeiros frutos, cheios de deliciosas polpas sumarentas que tantas bocas haveriam de satisfazer ...
Agora fui esquecida. Alagada. Inundada. Profundamente magoada porque as pessoas que durante tanto tempo se serviram de mim, comeram de mim, beberam de mim, fizeram das minhas sementes seu pão da vida, das minhas videiras o sangue de Deus, da minha madeira seus abrigos de vida, de minha lenha suas lareiras para aqueceram seus corações de esperanças e , às vezes, suas mágoas e desalentos, que ao enfeitarem as minhas árvores com o espírito do Natal, tantos corações empedernidos, mas que pela beleza voltavam a ser criança encantaram ..... se esqueceram de me dizer : Obrigada por tudo e desculpa .....
Ainda sonho. Agora só sonho .....
Sy. Fev. 2002
Nostalgia

"On a tous besoin de quelqu'un, de quelque chose ou d'un ailleurs que l'on n'a pas"
Gilbert Bécaud
Grande cantor, compositor, escritor e sobretudo Mestre da alma !
Que pena não se ouvir mais vezes ....
Tive a enorme sorte de o ver em Lisboa no Coliseu, na 1ª fila da Plateia ! e cantou uma estrofe da "L'important c'est la Rose" comigo ! Unforgettable